Confira a entrevista com a Dra. Vania Hungria, hematologista da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo:
Fadiga, cansaço, vontade de ficar
o dia todo na cama.
É muito comum entre pacientes com
mieloma múltiplo a sensação de prostração e a consequente inaptidão para
realizar atividades do dia a dia.
A razão do cansaço extremo é multifatorial.
Pode ser causada por medicamentos, como a talidomida ou as que contêm
corticoides, pela anemia (doença associada ao mieloma) e, principalmente, pelas
dores ósseas.
Mas para que não se crie um ciclo vicioso, do
‘cansaço gerando mais cansaço’, a Dra.
Vânia Hungria, professora de hematologia e oncologia da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo e uma das principais referências no
tratamento do mieloma múltiplo no país, dá algumas dicas importantes que passam
pela adesão ao tratamento de fisioterapia e a adoção de dieta balanceada.
A médica alerta:
"É muito importante que o
paciente informe ao médico aquilo que está sentindo, para que se possam ajustar
as doses de medicamentos, manejar o tratamento de acordo com as reações que ele
está apresentando”.
Confira a entrevista na íntegra e
multiplique a informação com outros pacientes!
Instituto Oncoguia - Um sintoma importante nos pacientes com mieloma múltiplo é
a fadiga. Ao que está relacionado este sintoma?
Dra. Vânia
Hungria - Vamos voltar um pouco para
pensarmos sobre o que é fadiga. A fadiga, na realidade, é cansaço. Cansaço
muscular. No paciente com mieloma, a sua queixa a respeito de ficar na cama,
sem condições de realizar atividades do dia a dia, pode estar relacionada à
anemia, por exemplo. Mas se ele tem dor óssea, também pode sentir dificuldade
de se levantar da cama. Outra razão é o uso de corticoides – que pode também
causar fraqueza muscular e impedir um paciente até mesmo de levantar de uma
cadeira. Então, esse cansaço extremo tão comum entre os pacientes com mieloma é
multifatorial.
Instituto Oncoguia - E além dos
corticoides, há outras medicações que podem causar esse efeito de prostração
nos pacientes?
Dra. Vânia
Hungria - Existem, sim, outros
medicamentos. A talidomida é um medicamento que costuma causar muita prostração
nos pacientes, principalmente nos mais idosos. Eles não aguentam levar o
tratamento, por isso, muitas vezes precisamos reduzir as doses.
Instituto Oncoguia - Neste
contexto, Dra. Vania, o relato do sintoma à equipe é fundamental. Não é?
Dra. Vânia
Hungria - É muito importante que o paciente
informe ao médico tudo aquilo o que está sentindo, para que se possam ajustar
doses, manejar o tratamento de acordo com as reações que ele está apresentando.
Instituto Oncoguia: Então, o
principal motivo do paciente ficar fadigado, acamado, é a dor óssea?
Dra. Vânia Hungria - Sim.
Exatamente. O principal são as dores ósseas, em decorrência dos eventos de
fraturas, além das outras que citei.
Instituto Oncoguia - Como
os pacientes podem evitar o sintoma? Há medidas para o dia a dia?
Dra. Vânia
Hungria - Quando o cansaço vem de alguma
medicação, uma boa recomendação é a realização da fisioterapia. A movimentação
ajuda bastante. Vale salientar aqui que a importância da fisioterapia vai além
da ação em torno do cansaço. O fato de ficar muito acamado pode levar o
paciente a uma situação de atrofia muscular. Com isso ele tenderá a ficar ainda
mais prostrado e cansado.
Instituto Oncoguia - É um ciclo
vicioso que deve ser evitado, certo Dra. Vania?
Dra. Vânia
Hungria - Sem dúvidas. Quanto mais ficamos
deitados, mais nosso corpo quer assim ficar. Mas depois de 3 ou 4 dias assim, a
musculatura já começa a atrofiar. Por isso, o paciente tem que se esforçar e se
movimentar!
Instituto Oncoguia - E a
alimentação, pode ser uma aliada do paciente para a minimização da fadiga? Há
nutrientes indicados para isso?
Dra. Vânia
- Não falaria sobre um ou outro
nutriente, mas sim sobre a dieta balanceada, equilibrada. E eu destaco aqui as
proteínas, vitaminas e carboidratos. Muitas vezes, o paciente prostrado sente
dificuldades para se alimentar e fazer digestão e, em decorrência disso, opta
por alimentos mais leves, fazendo com que a sensação aumente ainda mais.
Instituto Oncoguia - Por fim, a
atividade física também pode ser indicada para se minimizar ou evitar a fadiga?
Dra.
Vânia Hungria - A
atividade física é recomendada desde que seja praticada com orientação médica e
muito cuidado, por causa da doença óssea e o consequente risco de fraturas (até
mesmo espontâneas). A recomendação da atividade física, então, deve acontecer
de acordo com o comprometimento ósseo do paciente.
Fonte: Instituto Oncoguia
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