21 de out. de 2015

SOBRE A FOSFOETALONAMINA

Bom dia meus amigos!

Embora não seja notícia nova, o certo é que a questão voltou ao cenário nacional de forma bastante alarmante e preocupante.

Nos últimos dias recebi muitos contatos solicitando meu parecer sobre esta substância.

Embora não tivesse conhecimento, fui inteirar-me sobre o assunto.

Primeiro conversei com uma grande pesquisadora, jornalista na área da saúde e, também ativista. Depois, busquei o parecer de uma farmacêutica especializada em oncologia.

As duas foram categóricas em afirmar que não há prova científica de que esta substância possa "curar" algum tipo de câncer.

Mesmo sendo leigo no assunto, porém, com um pouco de bagagem amealhada nestes quase 4 anos de ativismo, me soaram bastante estranhas as declarações do pesquisador. 

E, pelo pouco que conheço sobre pesquisa clínica, o encaminhamento dado pelo pesquisador não se mostra idôneo.

Como paciente, neste momento, não faria uso desta substância.

Este é o meu parecer.

Abaixo, transcrevo o posicionamento de duas grandes instituições de apoio aos pacientes, ABRALE e ONCOGUIA.

Abraço.


Posicionamento ABRALE sobre a fosfoetanolamina

Os produtos que não foram avaliados pela Anvisa e dessa maneira não há conhecimento sobre a sua composição, sobre as condições de fabricação e armazenamento, entre outras informações que qualificam o produto não podem ser comercializados. O risco em consumir produtos sem registro ou sem notificação é justamente expor o organismo a compostos desconhecidos, que podem conter substâncias tóxicas, não apresentar a atividade esperada e que não oferecem qualquer garantia de segurança para os efeitos que possam causar.

Para comprovar que são seguros, que têm qualidade e que são eficazes para o objetivo que se propõem, os produtos sob vigilância sanitária precisam ser registrados ou notificados na Anvisa.

A fosfoetanolamina veio como uma promessa de cura para todos aqueles que são acometidos pela doença do câncer. Contudo, como já confirmado pela USP, a droga nunca passou da fase inicial e nem foi utilizada como pesquisa em seres humanos.

Posicionamento Oncoguia sobre a Fosfoetanolamina

O Instituto Oncoguia vem acompanhando com interesse a discussão em volta da substância fosfoetanolamina.

Trata-se de uma substância sintética que vem sendo investigada quanto à possibilidade de interferir no crescimento do câncer. Uma busca na literatura médica publicada em periódicos indexados (e portanto que passaram ao menos pelo crivo de editores) mostra que até o momento há apenas alguns poucos dados publicados. Os artigos encontrados são relativos à ação desta substância em linhagens celulares (células de tumor em um recipiente de vidro, fora do corpo humano), um artigo com uso da substância em um modelo animal (camundongo) com tumores implantados. Não encontramos publicação científica que mostre a sequência tradicional e estritamente necessária de estudos clínicos de desenvolvimento de uma substância, para transformá-la em medicação. Também não há nenhum dado científico publicado demonstrando que dose é adequada para uso em humanos, se há segurança em administrar a substância, se há qualquer tipo de eficácia da substância, se há algum tipo de interação com medicações, e assim por diante. Ou seja, trata-se de uma substância que nem pode ser chamada de medicação.

Neste contexto, o nosso comitê científico considera temerária a prescrição e utilização desta substância. Ao mesmo tempo, frente a doenças graves e incuráveis como o câncer avançado, o Oncoguia é categoricamente favorável à pesquisa clínica que siga parâmetros internacionais de segurança e ética, e aproveita a oportunidade para pedir a desburocratização da pesquisa em nosso País, para que pacientes em situações como esta possam fazer parte de pesquisas clínicas com tratamentos inovadores.

Por último, vale dizer que pacientes têm autonomia sobre o que podem fazer, mas esta autonomia não pode forçar uma universidade a produzir e distribuir uma substância que ainda está em estudos preliminares (pré-clínicos), para que seja usada como se fosse medicação eficaz.

O médico que prescreve esta substância assumindo inteira responsabilidade sobre as consequências de sua utilização não tem, no caso da fosfoetanolamina, condição de prever as consequências deste uso, e pode estar contrariando seu dever de proteger a saúde de seu paciente.

O Instituto Oncoguia apela para que antes de se disponibilizar substâncias experimentais, que seja estabelecido um programa adequado de pesquisa para a substância em questão, nos moldes tradicionais, éticos, e respeitando a segurança dos pacientes acima de tudo.

E por fim, pedimos aos pacientes:

  • Não abandonem seu tratamento tradicional.
  • Conversem com seu oncologista sobre a fosfoetanolamina. 
  • Busquem sempre a melhor fonte de informação de qualidade.
  • Sempre que optarem por um tratamento complementar, não escondam do seu oncologista.
  • Cultive sua fé e cuide dos seus sentimentos.
Os rumores são fortíssimos que a droga “composto químico” seja milagroso. Porém, ser capaz de matar uma célula cancerosa não é o suficiente para que uma substância seja um medicamento. Por exemplo, se colocarmos água sanitária em células cancerosas, todas elas vão morrer, porém, se injetada na veia de uma pessoa, a água sanitária vai causar sua morte. Oxigênio em altas concentrações gera radicais livres que matam uma fração importante das células cancerosas, no nosso corpo, esse efeito não acontece, e oxigênio suplementar não tem nenhum efeito contra o câncer.

Dessa forma, nosso papel como sociedade civil, é provocar o governo para que tome uma posição e utilize do “composto químico” para inicio de pesquisa clinica e registro na ANVISA e quem sabe num futuro próximo podemos fazer uso da droga com toda a eficácia e segurança que ela poderá garantir.



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