Infelizmente não é esse o tratamento que encontramos em grande parte dos consultórios médicos, seja lá qual for a patologia.
Falar de humanização na medicina é redundante a princípio, uma vez que o médico trabalha diretamente com seres humanos. Hipócrates, o pai da medicina, a definiu como uma prática humanista. É possível tratar o ‘ser humano’ sem ‘ser’ humano? Para compreender esta questão, é preciso voltar um pouco no tempo.
Até a década de 70, o médico podia doar-se mais no seu dia-a-dia. Não havia tanta tecnologia e a relação médico-paciente era mais intensa. Havia sempre a presença do médico de família, figura rara nos dias de hoje embora haja tendência ao retorno desta prática. Nas últimas décadas, muita coisa mudou. A medicina evoluiu com a introdução de novas e surpreendentes tecnologias. No tratamento do câncer, a associação de terapias e procedimentos (cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, entre outros) tem mostrado excelentes resultados.
A forma de praticar a medicina mudou e a relação médico-paciente também. Boa parte do tempo do médico passou a ser dedicado às tecnologias e suas aplicações em detrimento às relações humanas. Em alguns casos passou-se a tratar somente a doença e não o doente.
Neste contexto, o que o paciente espera de seu médico? Espera que ele possa tratá-lo como um todo, sendo objetivo, preciso, lançando mão de todos os recursos médicos disponíveis e cuidando de todos os aspectos do paciente. O médico, no exercício do seu ofício, se depara também com os medos, as incertezas e as angústias dos pacientes e seus familiares.
Com o acúmulo de conhecimentos especializados em diversas áreas surgiram profissionais altamente especializados que compõe a chamada equipe multiprofissional, o que complementa o tratamento técnico do médico contribuindo para o tratamento global do paciente.
No consultório médico, o tempo é ocupado pela doença, pelo conhecimento e pelo relacionamento de confiança e interpessoal entre médico, paciente e família. Uma equipe multiprofissional composta por enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, fonoaudiólogos, dentistas, nutricionistas e assistentes sociais é essencial para um tratamento eficiente. A equipe multiprofissional globaliza o atendimento e para isso é fundamental que mantenha uma comunicação eficiente entre os profissionais envolvidos. Esta equipe deve considerar todos os aspectos do paciente. Nós médicos fazemos parte desta equipe. Cada integrante, com sua competência específica, trata uma necessidade do paciente.
Para nós do IPC, a humanização é um princípio da prática médica. Oferecemos um atendimento integral para nossos pacientes com uma ampla e competente equipe de atendimento. Tratar o paciente de forma integral com uma equipe multiprofissional não é tratar apenas da parte física da doença. É tratar das emoções, do estigma negativo do câncer, da falta de informação, e dos direitos do paciente. É respeitar a individualidade do paciente e tratar também da família e isso vai muito além do diagnóstico e do tratamento oncológico.
Ademir Torres Abrão Cirurgião Oncológico
Colaborador convidado pelo Instituto Oncoguia
Fonte: Oncoguia
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