Até
o final de 2014, segundo estimativas do INCA – Instituto Nacional de Câncer, o
Brasil apresentará 567 mil novos casos de câncer.
Para
todos eles, o diagnóstico precoce é o grande diferencial na conquista dos bons
resultados, incluindo a possibilidade de cura.
Por
isso é fundamental que todos os atores envolvidos – profissionais da saúde, médicos,
governo, paciente/familiar e população em geral – definam juntos as prioridades
dos pacientes e onde os recursos existentes devem ser alocados, com o objetivo
de garantir tratamento adequado para todos os pacientes com câncer no Brasil.
Para
essa finalidade foi que nos dias 24 e 25 de setembro de 2014 aconteceu, no WTC
São Paulo, o Congresso Todos Juntos contra o Câncer, uma iniciativa da ABRALE –
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, com o objetivo de:
- Promover o esclarecimento sobre avanços, desafios e obstáculos dos direitos das pessoas com câncer e tratamentos, fortalecendo a rede composta por associações e instituições que lutam por essa causa.
- Aproximar o governo dos desafios enfrentados pela população, por meio do conhecimento produzido e concentrado nas entidades.
- Debater, conscientizar e compartilhar, para humamizar o atendimento, ampliar a assistência e minimizar a burocracia enfrentada pelas pessoas com câncer.
- Definir questões da oncologia no Brasil, engajar a população e consolidar declaração ou pacto a ser encaminhado ao Ministério da Saúde e outros órgãos governamentais.
Dessa
maneira será possível consolidar um plano de ação que favoreça o que temos de
mais valioso: a vida.
O
evento foi maravilhoso, infelizmente só pude estar presente no primeiro dia,
porém, já foi o bastante para crer que é possível mudar.
Eu, Dra. Andréa (ABRALE), Fernanda Feijó (Sírio Libanês) e May Teixeira (paciente)
Pude
ver grandes nomes da oncologia que carregam vasta experiência nas diferentes áreas
que envolvem o tratamento do câncer.
Todavia,
quem mais precisaria estar presente não compareceu: o Governo.
Abaixo,
uma síntese do que foi o 1º Congresso Brasileiro Todos Juntos contra o Câncer,
disponibilizada pela amiga e colaboradora Ana Carolina D’Angelis, da RSPRESS.
Gestão
pública é uma das principais metas de mudança no tratamento do câncer
No
1º Congresso Todos Juntos contra o Câncer, sociedades médicas pontuam as
necessidades de mudanças em políticas públicas para aprimorar acesso do
paciente com a doença no Brasil
Durante
o 1º Congresso Todos Juntos contra o Câncer, evento de discussão sobre as
necessidades do tratamento da doença no País, fomentado pela Associação
Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), representantes de diversas entidades
médicas pontuaram as necessidades de mudanças nas políticas públicas para que o
acesso chegue efetivamente aos pacientes. No evento realizado em São Paulo,
entre os dias 24 e 25, uma das conclusões é a mudança e aprimoramento da gestão
pública para que o diagnóstico precoce seja uma das metas, assim como um plano
de prevenção.
Para a presidente da Abrale,
Merula Steagall, a política nacional de atenção à oncologia deve prever a
prevenção, políticas públicas, fluxos para acesso e diagnóstico correto. “Hoje
temos 280 centros que tratam oncologia no País, mas para atender a demanda
atual seriam necessários 385 para que cada tratasse também os mil novos casos
por ano”, comenta. Sobre o planejamento da gestão, é necessário ter dados para
se ter uma ideia mais clara do tamanho do problema, como lidar e enfrentá-lo.
“Temos que lembrar sempre que temos que ter 100% de esforço onde existir 1% de
chance”, explica Merula.
Para Carlos Chiattone,
diretor da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular
(ABHH), o que acontece hoje é a dificuldade de implantação de tratamentos. “A
questão não é só o financiamento, pois falta dinheiro e gestão, sem contar o
custo da saúde tem se elevado. A Lei dos 60 dias é o atestado de falência da
saúde no Estado de São Paulo, é uma autoconfissão de algo que não funciona.
Temos que focar no diagnóstico que não custa dinheiro, pelo contrário,
economiza. De uma maneira geral isso é um assunto que temos que tornar o câncer
um problema de saúde pública, muito mais complexo”, ressalta o médico que
também é professor de medicina da Santa Casa de São Paulo.
De acordo com Carla Macedo,
presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), o tema é
pouco discutido no Brasil, há pouca pesquisa clínica sobre o assunto, a doença
é comumente esquecida nos debates e o tratamento não é visto como prioritário
pelos órgãos governamentais. “A taxa de cura do câncer infantojuvenil em países
da Europa e nos EUA está entre 80 e 90%, já no Brasil a taxa de mortalidade
chega a 50% por faltar terapia de suporte, difícil acesso e a precariedade de
materiais. A única maneira que temos de melhorar esse quadro alarmante é com
diagnóstico precoce, acesso, exames de diagnósticos adequados para cada tipo de
câncer, equipe multidisciplinar treinada em pediatria, acesso a medicação e
novas drogas, terapia de suporte e aumento de pesquisas clínicas”.
Sobre a área de transplante
de medula óssea (TMO), procedimento responsável pelo tratamento e cura de
diversos cânceres de sangue como linfoma, leucemia, mieloma múltiplo e outros,
os problemas que os profissionais da área enfrentam é que o TMO vem depois da
quimioterapia e muitas vezes é a última chance para o paciente. “Temos uma
média de 31 meses entre diagnóstico e a realização do transplante para doador
não parentado. Para aquele quem tem doador na família demora 13 meses, sendo
que nos dois casos esse período não deveria passar de seis meses. Precisamos
aumentar a capacidade de transplantar com qualidade, pulverizar os serviços,
aumentar as equipes, o ressarcimento e reconhecer a importância da
especialização em todos os níveis”, explica a presidente da Sociedade
Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO).
No
Brasil, o médico atende pessoas com acessos distintos. “Não temos programa de
rastreamento de saúde”, conta Evanius Wiermann, presidente da Sociedade
Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Outro fator apontado por Wiermann
é a cooperação de tecnologia. “É péssimo saber que existe o melhor e não poder
dar ao paciente, como as novas drogas que são incorporadas no mercado
internacional e no Brasil não. No caso do mieloma múltiplo, tipo de câncer de
sangue, não podemos fazer pesquisa porque a lenalidomida, não aprovada no
Brasil, não é considerada padrão e a pesquisa não é aberta e faz com que haja
um círculo vicioso, onde todo mundo perde”, explica.


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