8 de jul. de 2014

"...AH SE TODOS FOSSEM NO MUNDO IGUAIS A VOCÊ..."

Li este texto e lembrei-me de alguns médicos que já passaram pela minha vida. Dra. Márcia Higashi, Dra. Leila Maria, Dr. Tadeu de Paiva Jr.. profissionais que fizeram e fazem a diferença na vida do  paciente.

"Ah.... se todos fossem no mundo iguais a você...."


J.J. Camargo: "Para se tornar médico, é preciso refletir sobre o sofrimento humano"

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05/07/2014 | 07h01
J.J. Camargo: "Para se tornar médico, é preciso refletir sobre o sofrimento humano" Edu Oliveira/Arte ZH
Foto: Edu Oliveira / Arte ZH
Para quem nos ouve, o significado do que dizemos é imprevisível. Seja ele um paciente cheio de perguntas ou um estudante ávido por respostas.

Tenho insistentemente ensinado aos jovens que uma maneira eficiente de monitorarmos o que os pacientes pensam é perguntar àqueles que passaram por alguma experiência agressiva o que foi mais inesquecível daquela vivência. Adotar essa estratégia como política de crescimento profissional é também se expor, com constrangedora frequência, à descoberta que, no mais das vezes, nem percebemos aquilo que o paciente valorizou tanto.

A mesma dualidade se repete no contato com os alunos, quando é possível flagrar uma empatia instantânea, ou uma barreira de dolorosa indiferença.

Como tenho a quase convicção de que os melhores médicos e os melhores professores são os afetivamente carentes, consigo dimensionar bem o quanto machuca a rejeição. Em contrapartida, a aceitação espontânea e carinhosa compensa as desfeitas, sublima as perdas e borra as desilusões.

No ano passado, um grupo de estudantes, entusiasta e idealista, resolveu reativar o jornal do Centro Acadêmico e pediu-me que escrevesse um editorial. Coloquei lá essas ideias, e defendi, por convicção total, que o mais inabalável trunfo de ser médico é a indescritível gratificação de atenuar o sofrimento dos outros.

Dias depois, recebi uma carta da Julia, uma estudante entãodo terceiro ano:

"Quando pequena, já sabia que gostaria de, algum dia, me tornar médica, apesar de, na época, não ter ideia do peso que carregaria para tal. No primeiro ano da faculdade, assisti a uma palestra ministrada pelo Dr. Celmo Celeno Porto, autor do livro de Semiologia Médica. Ele propôs uma reflexão a respeito do momento em que nos tornamos médicos. Para alguns, era na formatura, para outros, já durante a faculdade, e para outra parte, após muitos anos de prática. Desde aquela aula, tal pergunta tem estado em meus pensamentos em cada situação que vivo na Escola. Então, ao ler teu texto, encontrei a resposta que procurava: quando o homem sente a alegria de aliviar o sofrimento humano, torna-se médico. Aproveito para lhe enviar este verso de Neruda, que gosto muito: Si nada nos salva de la muerte, que al menos el amor nos salve de la vida. Acredito que é esse o amor que devemos dedicar aos nossos (e meus futuros) pacientes. Obrigado por essa reflexão e por proporcionar-me este crescimento".

Como não ser otimista se estamos formando jovens com esse sentimento?

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