Dia 17 de outubro de 2013, à convite da ABRALE, estive na audiência pública realizada na Comissão de Assuntos Sociais do Senado que discutiu "a situação dos pacientes com mieloma múltiplo", sendo, o ponto central, a questão da lenalidomida.
Confesso que fiquei bastante satisfeito com o resultado da audiência. Acredito que as palavras do Dr. Angelo Maiolino não deixam qualquer dúvida quanto a eficácia comprovada da lenalidomida.
Agora, com a juntada do estudo encomendado pela ABRALE para o Centro Cochrane do Brasil, que colocou uma pá de cal sobre o assunto, ou seja, comprovou tudo o que já foi dito sobre a lenalidomida, não vejo como a ANVISA deixar rever sua infeliz decisão de negar o registro no Brasil.
Amanhã, dia 22/10, a comissão que esteve presente na audiência se reunirá com o presidente da ANVISA, Dr. Dirceu Barbano.
É um grande avanço!!! Creio que estamos bem próximos de um final feliz meus amigos.
Segue, para conhecimento, um síntese da audiência ocorrida no dia 17/10, extraída do site do Senado Federal.
O presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), Waldemir Moka
(PMDB-MS), formará um grupo para debater com o presidente da Agência
Nacional de Vigilancia Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, a maneira
mais rápida e eficaz de o Brasil rever a proibição de registro ao
medicamento Lenalidomida no país.
A droga é usada no tratamento do
mieloma múltiplo, o câncer na medula óssea. Esse foi o resultado da
audiência pública realizada pela comissão nesta quinta-feira (17) para
debater a situação dos portadores da doença no Brasil.
– Estamos falando de sobrevida, de qualidade dessa sobrevida, porque
se não tiverem o medicamento, é como sentenciar os doentes à morte –
afirmou Moka.
A Lenalidomida já é legalizada em dezenas de países da Europa e da
América Latina, mas, no Brasil, teve o registro negado pela Anvisa em
2012 porquenão foi apresentado um estudo clínico comparando o produto a
outro com igual indicação terapêutica já no mercado.
Também não entregou
um plano de minimização de riscos, como o de nascimento de crianças com
má-formação, já que o medicamento tem efeitos teratogênicos semelhantes
aos da talidomida, segundo explicou a representante da Anvisa, Laura
Castanheiras.
Após ouvir os debates e as argumentações de entidades e médicos
presentes à audiência, Laura Castanheiras intermediou o encontro dos
participantes da reunião para buscar formas de priorizar a análise do
processo e obter a permissão da fabricação da Lenadomida.
Ela sugeriu
que sejam levadas pesquisas de associações de portadores da doença,
documentos e estudos que asseverem a eficácia do remédio.
- Podemos rediscutir a decisão, não somos donos da verdade- afirmou.
Importação
Enquanto a autorização não sai, pacientes com recursos importam o
remédio a um alto custo, muitas vezes se desfazendo de patrimônio,
médicos são processados no país por recomendarem o seu uso, e doentes
ficam sem opção de tratamento quando têm reações adversas às medicações
permitidas no país, afirmou a senadora Ana Amélia (PP-RS), que requereu a
audiência.
Para o subprocurador da República do Ministério Público Federal,
Moacir Guimarães, a prática no mundo vem demonstrando a eficácia do
medicamento, e se o Brasil é o último a registra-lo, é por uma
burocracia que não se justifica.
- Nossa preocupação [do MP] é essa, eliminar burocracias, exigências e
formalidades que não se justificam diante de necessidades prementes –
disse.
Entretanto, lembrou Guimarães, existe a necessidade de observar e se
resguardar dos lobbies das indústrias farmacêuticas no processo.
Claudia Dias, representante do laboratório Zodiac, que poderá
produzir o medicamento no Brasil, questionou a avaliação feita pelo
corpo técnico da Anvisa, pois nenhum especialista em mieloma múltiplo
foi ouvido para atestar a sua eficácia.
Ela também alegou o sucesso
internacional do medicamento, o que leva a Celgene, dona da patente, a
se desinteressar de fazer um estudo comparativo para aprovação no
Brasil, como exige a Anvisa. A Celgene até mesmo proíbe a reapresentação
do pedido de registro na agência pela Zodiac.
- O conhecimento avança em sentido de outras indicações, para a
ampliação do uso, e não para fazer algo [uso na recidiva do mieloma] que
já tem dez anos de conhecimento no mundo – explicou.
Combinação
De acordo com Angelo Maiolino, médico hematologista do Comitê
Científico Médico da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia
(Abrale), apesar de já existirem dois medicamentos no país para a doença
– Bortezomid e Talidomida – um não substitui o outro e nem mesmo o
transplante.
As suas combinações são essenciais nas recidivas da doença,
ou quando os efeitos colaterais impedirem a continuação do tratamento.
Enquanto ainda se espera a aprovação no Brasil da Lenalidomida, cujo uso
já é corrente e consagrado no resto do mundo, os Estados Unidos já
aprovaram outros três diferentes medicamentos.
Já Christine Battistini, Presidente da International Myeloma
Foundation Latin America, informou que o câncer de medula óssea é quatro
vezes mais frequente que a leucemia. Antes, se pensava que ele era mais
incidente nas pessoas mais velhas, mas o número de jovens com o
problema vem crescendo.
Sem a Lenalidomida, os doentes estão
subtratados, e a lentidão nos processos – a negação do registro pela
Anvisa levou cinco anos – está até mesmo levando os laboratórios a não
submeter novos medicamentos no mercado.
- Não podemos mais aceitar essa disparidade, hoje o paciente está
subtratado, não está tendo a melhor qualidade – lamentou Christine.
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